segunda-feira, novembro 15, 2004

Carta Para um Amor Ausente - IV

IV


Por vezes sinto necessidade de chorar e não estás por perto. Nem o teu perfume surge no ar, nem existem objectos perdidos por onde me encontro que me possam recordar a tua presença, a tua pela, o teu calor; a suavidade da tua voz murmurando todo o amor que sentes por mim.

Recordo-me da última vez que chorei nos teus braços, não fazia ideia que seria a última. Nada dizia que tantas coisas que casualmente partilhámos seriam as últimas recordações que agora me enchem as noites. Tanta merda que vivemos juntos e nem por isso pareceu que houve alguma diferença. Parecíamos crianças que fazem birras idiotas por causa de um gelado, e mesmo essas birras têm mais significado que as nossas.

Ouço músicas que me fazem lembrar todos os bons momentos que vivemos juntos, e de repente a raiva começa a crescer em mim. Por um lado desejo-te tudo de bom, mas ao mesmo tempo não consigo de ter um secreto desejo que tudo te corra mal, que sofras tanto quanto eu sofri por tua causa. É um desejo de justiça feita pelo próprio destino, um desejo que me anima e ao mesmo tempo me entristece por ser um desejo vil e vingativo.

Nunca disse que era perfeito. Mais, sou o primeiro a reconhecer os meus defeitos, mas querer vingar-me de ti parece-me demasiado, mesmo para mim que de vez em quando consigo ser mesmo mau.

Talvez desta vez não tenha nada que te agradecer, a não ser de um modo extremamente sarcástico, pelo facto de me teres mostrado como dói amar e perder esse amor. Talvez agora seja capaz de dar valor ao amor se o voltar a encontrar. Pelo menos sei que já dou mais valor às minhas amizades, uma forma de amor mais puro, digo eu.

Mas não, não te vou agradecer. Talvez te leve comigo para os meus sonhos, mas recuso-me a aumentar a raiva que surge entre nós.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

tá fixe!!

16 de novembro de 2004 às 17:14  

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