Eu Já Vi Este Céu - Capítulo IV
Capítulo IV
Por vezes agimos como autenticas crianças, todos nos dizem que esse não é o caminho e mesmo assim continuamos a andar em direcção ao precipício e nem por um momento pensamos em olhar para trás.
Existe uma criança dentro de nós! Esta é uma frase que todos estamos cansados de ouvir, mas ainda assim não deixa de fazer sentido. A certa altura do nosso processo de envelhecimento todos passamos por uma fase em que nos sentimos a envelhecer e nos recusamos a aceitá-lo. Talvez seja nesses momentos que a criança que existe em nós se apodera das nossas acções e nos torna quase absolutos idiotas que se comportam como se tivessem cinco anos e não fossem responsáveis pelos seus actos. Mas ainda assim temos consciência daquilo que fazemos, mas sentimo-nos tão vivos que somos incapazes de parar, toda aquela despreocupação sabe tão bem que não encontramos qualquer motivo para parar. Mas de repente magoamos alguém porque já nos começámos a comportar como adolescentes exibicionistas e queremos mostrar que já somos alguém, esquecemos que os outros também têm sentimentos e que não são apenas brinquedos que nós podemos usar e rejeitar quando nos apetece.
Mas nem tudo é mau. Errar é quase sempre bom. Aprendemos bastante com os nossos erros e estas fases de pseudo-incosciência são um dos grandes motores do envelhecimento, mas mais do que isso obrigam-nos a crescer.
O William costumava dizer que aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes e tinha toda a razão. Dizia também que dificilmente existia alguém neste mundo e no outro que tenha errado tanto como ele, e ainda assim, apesar de já ter errado muito continuava a errar e dizia que não se arrependia um segundo que fosse de todos os seus erros. Faziam parte dele e arrepender-se daquilo que tinha feito, desculpar-se por ser quem era seria a negação da sua existência, a negação daquilo que o torna único e diferente de todos os outros seres vivos deste universo.
Um dia cheguei ao pé dele com a tristeza estampada nos olhos. Cumprimentei-o e comecei a lastimar-me. Uma rapariga absolutamente linda que eu tinha conhecido e que até tinha simpatizado comigo tinha começado a namorar com um conhecido meu e eu tinha passado tanto tempo com ela que estava apenas à espera do momento certo para lhe roubar um beijo. De repente vem um caramelo qualquer e começa a comê-la. Isto não é justo.
Falei longamente nas minhas dores e de como estava indignado com a situação. William ouviu-me sem interromper. Esperou que eu acabasse e no final levantou-se, olhou-me e disse:”Arrepende-te do que fizeste e não daquilo que podias ter feito. Caso contrário passarás a tua vida como um patinho feio no meio de um lago de patos bravos. Olha-te no espelho, avalia-te e toma consciência daquilo que vales. Depois limita-te a agir em conformidade com o teu valor!” Virou costas e foi passear. Fiquei impávido e sereno no mesmo local. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse aquela imagem de uma rapariga bonita que podia estar a meu lado…
Fui para casa e só já perto da minha viagem para junto de Morpheu é que as palavras do velho amigo começaram a fazer sentido. Desde então raramente me arrependo do que podia ter feito, mas por vezes ainda acontece. Tem pouca importância se nos sentirmos satisfeitos com nós próprios. Mais importante que o arrependimento é a consciência tranquila. E poder deitar-me dia após dia com a consciência tranquila tem sido muito bom. Todos estes anos depois os conselhos do meu velho amigo têm sido muito úteis.
Por vezes agimos como autenticas crianças, todos nos dizem que esse não é o caminho e mesmo assim continuamos a andar em direcção ao precipício e nem por um momento pensamos em olhar para trás.
Existe uma criança dentro de nós! Esta é uma frase que todos estamos cansados de ouvir, mas ainda assim não deixa de fazer sentido. A certa altura do nosso processo de envelhecimento todos passamos por uma fase em que nos sentimos a envelhecer e nos recusamos a aceitá-lo. Talvez seja nesses momentos que a criança que existe em nós se apodera das nossas acções e nos torna quase absolutos idiotas que se comportam como se tivessem cinco anos e não fossem responsáveis pelos seus actos. Mas ainda assim temos consciência daquilo que fazemos, mas sentimo-nos tão vivos que somos incapazes de parar, toda aquela despreocupação sabe tão bem que não encontramos qualquer motivo para parar. Mas de repente magoamos alguém porque já nos começámos a comportar como adolescentes exibicionistas e queremos mostrar que já somos alguém, esquecemos que os outros também têm sentimentos e que não são apenas brinquedos que nós podemos usar e rejeitar quando nos apetece.
Mas nem tudo é mau. Errar é quase sempre bom. Aprendemos bastante com os nossos erros e estas fases de pseudo-incosciência são um dos grandes motores do envelhecimento, mas mais do que isso obrigam-nos a crescer.
O William costumava dizer que aquilo que não nos mata torna-nos mais fortes e tinha toda a razão. Dizia também que dificilmente existia alguém neste mundo e no outro que tenha errado tanto como ele, e ainda assim, apesar de já ter errado muito continuava a errar e dizia que não se arrependia um segundo que fosse de todos os seus erros. Faziam parte dele e arrepender-se daquilo que tinha feito, desculpar-se por ser quem era seria a negação da sua existência, a negação daquilo que o torna único e diferente de todos os outros seres vivos deste universo.
Um dia cheguei ao pé dele com a tristeza estampada nos olhos. Cumprimentei-o e comecei a lastimar-me. Uma rapariga absolutamente linda que eu tinha conhecido e que até tinha simpatizado comigo tinha começado a namorar com um conhecido meu e eu tinha passado tanto tempo com ela que estava apenas à espera do momento certo para lhe roubar um beijo. De repente vem um caramelo qualquer e começa a comê-la. Isto não é justo.
Falei longamente nas minhas dores e de como estava indignado com a situação. William ouviu-me sem interromper. Esperou que eu acabasse e no final levantou-se, olhou-me e disse:”Arrepende-te do que fizeste e não daquilo que podias ter feito. Caso contrário passarás a tua vida como um patinho feio no meio de um lago de patos bravos. Olha-te no espelho, avalia-te e toma consciência daquilo que vales. Depois limita-te a agir em conformidade com o teu valor!” Virou costas e foi passear. Fiquei impávido e sereno no mesmo local. Não conseguia pensar em mais nada que não fosse aquela imagem de uma rapariga bonita que podia estar a meu lado…
Fui para casa e só já perto da minha viagem para junto de Morpheu é que as palavras do velho amigo começaram a fazer sentido. Desde então raramente me arrependo do que podia ter feito, mas por vezes ainda acontece. Tem pouca importância se nos sentirmos satisfeitos com nós próprios. Mais importante que o arrependimento é a consciência tranquila. E poder deitar-me dia após dia com a consciência tranquila tem sido muito bom. Todos estes anos depois os conselhos do meu velho amigo têm sido muito úteis.
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